Quatro meses depois...
Eram cinco da manhã quando Arthur acordou na casa da mãe com sede. Ao chegar à sala, viu a TV ligada, e ao se aproximar do sofá, pode ver Lua cochilando numa posição nada confortável. Sorriu ao lembrar da ansiedade da garota na noite anterior devido à viagem para o Hawaii. Ele se abaixou ao lado dela e tirou uns fios de cabelo que estavam no rosto de Lua.
- Hey – ela disse baixinho.
- Hey bonitinha, dormindo no sofá? – ele sussurrou e sorriu. – Vem, eu te levo pro seu quarto – fez menção em pegá-la no colo, mas a garota se encolheu mais no sofá.
- Não, ta gostoso aqui – ela fazia caretas fofas (na opinião de Arthur) ao falar. – Eu fiquei horas tentando achar uma posição confortável na minha cama, daí resolvi vir pra cá.
- Mas você ta toda torta nesse sofá – ele riu – não acredito que esteja bem.
- Pois eu to – Lua deu um tapa bem fraco na testa de Arthur, visto que ele ainda estava agachado ao lado dela. – Vai dormir, nosso vôo sai cedo.
- Eu to preocupado com você dormindo desse jeito, você vai estar quebrada pela manhã – ele disse enquanto arrumava o edredom em Lua.
- Eu já disse pra você deixar esse negócio de ser bonzinho pros filmes, Aguiar! [n/a: frase tirada de um momento ‘revolta’ da Bih. Te amo sua gorda] – Lua disse sonolenta e fez Arthur rir – Vai dormir, vai, amigo.
- Ok, amiga. Boa noite – ele não se conteve e beijou a testa da garota. – Lua, você ta muito quente.
- Eu to? – ela pergunta de olhos fechados sentindo a mão de Arthur percorrer seu rosto pra checar a temperatura.
- Você ta com febre – ele parecia preocupado.
- Não to nada, deve ser ansiedade pra viagem. Eu to bem, pode dormir.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Ta bem então. Boa noite pode me chamar se precisar.
- Se precisar eu chamo, porque se sua mãe sonhar que eu to ficando doente, é capaz dela me proibir de viajar.
- Eu não duvido que ela faça isso – ele riu fraco, levantou e viu que Lua estava pegando no sono. – Tchau Blanco.
- Tchau Aguiar.
****
Quatro meses se passaram.
Quatro meses de muitos risos, gritos e brigas entre Julia, Cath, Lua e Arthur; e algumas vezes até Sallie.
Quatro meses, e dezenas de shows lotados do McFly.
Quatro meses desde a decisão de serem somente amigos, feita por Arthur e Lua.
Quatro meses de ligações feitas por Nick, e algumas sendo atendidas por Lua.
Quatro meses de ligações feitas por Nick, e algumas sendo atendidas por Lua.
Quatro meses sem traições.
Quatro meses de sentimentos escondidos, e sorrisos cheios de saudade.
Quatro meses dolorosos pra alguns, feliz pra outros e suportáveis para a maioria.
****
Férias de primavera, uma semana no Hawaii. Um sonho pra qualquer um. E para Julia, Cath e Lua se tornaria realidade em algumas horas. Essa era a viagem em família dos Aguiar, porém por causa de inúmeros imprevistos, somente as meninas e Arthur viajariam.
****
“Nenhum dano você pode fazer agora. Eu estou imune a você agora. Você não pode partir o que já se rompeu. Não há nada que você possa fazer a mim ainda”
Um trecho de alguma música da Kate Voegele, foi o que Julia e Cath encontraram no mural da cozinha logo pela manhã.
- Cara, que horas você acordou? – uma Julia ainda sonolenta pergunta pra Lua após lha dar um beijo na testa – Você tá quente.
- Cala a boca, se sua mãe ouvir, eu to ferrada – Lua diz baixo, e as amigas percebem que a voz da garota está analasada. – Acho que eu tô com gripe, e eu sei que sua mãe vai pirar se eu viajar assim.
- Mas você ta bem o suficiente pra ficar horas dentro de um avião? – Cath também parecia preocupada.
- Gente, relaxa! Ficar gripada é tão normal – Lua sorriu de um jeito meio fraco, adoentado. – Eu to bem, é sério.
- Bom dia meus amores – a Sra. Aguiar chega sorridente á cozinha – Animadas com a viagem?
- Muito. Não vejo a hora de tomar sol.
- Concordo Cath, eu to doida pra cair no mar. A última vez que vimos o sol pra valer foi no começo do ano.
- E eu to doida pra ver a Julia cair de boca no mar.
- Deixa de ser ruim Lua! – Cath riu e deu um tapa na amiga, que fechou os olhos com força pra não reclamar de dor no corpo. Cath se desculpou com os olhos. – Agora só falta o...
- Falta quem? – Arthur entra na cozinha e todas as mulheres param para olhá-lo – Que foi?
- Coitada da Sallie, se você andar por aí lindo assim, ela não vai achar nem seus restos pra contar história – Julia diz rindo.
Ao olhá-lo Lua chegou a pensar que a frase ‘perfeição em pessoa’ foi criada pra Arthur. A calça larga, o tênis ‘estiloso’ branco, o pedacinho da camisa pólo verde que aparecia por baixo do grosso moletom azul marinho, e pra completar, os cabelos úmidos bem bagunçados. E o sorriso? Ah, o sorriso...
- Vocês tão me deixam sem graça, suas pervertidas – Arthur se escondeu atrás da bancada, e as garotas riram. – E acho que a Sallie não ligaria se eu saísse por ai assim.
- Bom eu já ia começar a fazer minhas recomendações, mas agora com o Senhor Beleza desfilando por aí – Sra. Aguiar beija a bochecha do filho –, o primeiro pedido é: cuidem dele! Não quero que nenhuma havaiana roube meu bebê.
- Pode deixar mãe, se alguém tentar roubar seu bebê, a brasileira ali o salva – Julia ria ao falar, e logo recebe um beliscão de Lua.
- Idiota – a menina diz baixo, e sente o rosto corar.
- Que bonitinhos, os dois coraram – Cath aperta a bochecha de Arthur, fazendo Julia e a Sra. Aguiar rirem.
- Erm, então, vamos? – Lua diz pra mudar o rumo da conversa.
- Vamos. Honolulu vai ser pequena pra gente!
****
- Lu, acorda.
- Ô garota do Brasil, acorda minha filha!
- Parem de cutucar a menina. Que belas amigas vocês são.
- Cala a boca Arthur, esse seu papel de ‘amiguinho número um’ já ta enjoando; sinto falta dos tempos vocês se pegavam às escondidas.
- As caras que vocês faziam pra disfarçar eram hilárias.
- Fiquem quietinhas, sim? E sentem direito, já vamos pousar.
- Acorda a Lu, mané! Ela tomou o antigripal, e apagou.
- Ela só ta cansada, não dormiu bem noite passada.
- Uh, ele sabe até se ela dormiu bem ou não.
- Julia, fica quieta, ok? Se for pra começar com essas gracinhas desde já, nós teremos uma semana muuuito longa, então pára com isso ta?
- Ok, irmãzinho. Agora a acorda a Blanco, por favor?
- Lua? – Arthur disse baixinho ao passar a mão pelos cabelos da garota – Hey acorda.
- Mas eu acabei de cochilar – ela resmungou de olhos fechados.
- Linda você dormiu por quase sete horas – Arthur disse rindo. – Já estamos chegando, não quer comer alguma coisa?
- Não, eu to enjoada e meu corpo ta dolorido.
- Você acha que foi uma boa idéia vir doente?
- Você não queria que eu viesse?
- Eu não disse isso.
- Mas pareceu.
- Lua, dá um tempo ta? Você ta doente, mas eu não sou obrigado a aturar seu mau humor.
- Relaxa, eu posso te irritar à vontade, já que de todo jeito o seu humor vai melhorar daqui seis dias.
- Ahn?
- A Sallie. Seis dias e ela ta aqui.
- Ah é.
- Poxa Arthur, se você ficar com essas respostas monossilábicas não tem como a gente brigar!
- Engraçadinha, minha época de brigar com você já era!
- Droga! Era tão divertido.
- Palhacinha – ele riu de lado, tirou o cobertor de Lua e checou a temperatura – Sua febre diminui.
- Oláááá enfermeira – Lua imitou os Animaniacs, e até as meninas [que estavam em poltronas na frente] riram.
****
- Eu ainda acho que deveríamos ter ido pra um hotel.
- Deixa de ser preguiçosa Cath! Essa casa é na praia, tipo, na areia.
- Eu vi Julia, mas cara, nós quatro numa casa por uma semana, não vai dar certo.
- Ah se eles ainda brigassem o tempo todo, se agarrassem depois e por fim ficassem emburrados, daí não daria mesmo certo. Mas eles estão tentando, eu ainda vejo os olhares apaixonados, mas se eles estão bem com essa história de amizade...
- Mas amiga você acha que isso dura? – as duas estavam arrumando suas coisas no guarda-roupa da casa de veraneio que alugaram Waikiki. – Eles ficam disfarçando que são melhores pessoas ficando separados, mas todo mundo sabe que eles têm é medo de ficarem juntos e do que pode acontecer.
- Como assim? Você acha que eles não dariam certo namorando? – Cath mal terminou a frase e Lua entrou no quarto.
- Namorando? Quem ta namorando? – a garota deitou em uma das três camas, e se cobriu até o pescoço.
- Ninguém ta namorando – Julia disse rápido. – Você vai cozinhar aí, menina! Larga esse cobertor.
- Cara, de onde você tirou esse cobertor, afinal? – Cath tentava tirá-lo de Lua. – Alô? Estamos no Hawaii!
- Eu trouxe ok? – Lua puxava de Cath – Pára Catherine! Eu to com frio.
- Lua, pára você. Cara, você vai piorar se ficar toda tampada nesse calor.
- Arthur, me ajuda – Lua fez biquinho assim que viu o garoto no corredor. – Elas estão me maltratando.
- Deixa ela, Cath – Arthur sorriu e tirou o cobertor das mãos de Catherine. – Pronto pequena.
- Brigada tio – Lua disse rindo ao se cobrir.
- Ah não sei como vocês conseguem ser mais irritantes: nesse mel todo ou brigando – Julia disse impaciente.
- Eu preferia brigando, além de ser mais engraçado, eu sempre ganhava as apostas – Cath riu ao ver a cara de Lua. – Vai me dizer que vocês nunca desconfiaram que apostávamos?
- Agora eu entendi porque o Micael ficava incentivando que eu beijasse a Lua – Arthur disse de um jeito engraçado e as meninas riram.
- Bom meus amores, nós vamos dar uma volta, conhecer a região e aproveitar o restinho da tarde – Julia terminou de arrumar as coisas e se preparou pra sair com Cath. – Vamos?
- Eu quero dormir – Lua se aconchegou mais na cama.
- E eu... Vou arrumar minhas coisas – Arthur disse meio incerto. – Juízo e não voltem tarde.
- Arrumar as coisas, sei. E nós sempre temos juízo – Cath disse rindo, e saíram de casa, deixando Lua e Arthur sozinhos.
- Eu vou ver televisão – ele disse levantando o que Julia escolhera.
- Isso, joga na cara que no seu quarto tem TV, DVD, cama de casal... – Lua disse rindo.
- O que eu posso fazer se vocês são três meninas, e na casa tem um quarto com exatas três camas? Sobrando o quarto de casal pra mim? Que culpa eu tenho? – Arthur riu ao ver a cara de indignada da garota, e logo recebeu um travesseiro bem no rosto. – Outch! Tudo bem Blanco, eu te convido pra ir assistir comigo, mas só porque você ta doente. Não acostuma.
- Ah como você é bonzinho Aguiar – Lua deu língua e ele riu. – E como você disse, eu to doente, então eu posso escolher o que vamos assistir.
- Pode é? Quem disse? – Arthur sorriu de lado quando a garota passou por ele levando o travesseiro, celular e com o cobertor enrolado no corpo, tampando a cabeça. – Lua você vai acabar tropeçando nis... – antes mesmo de concluir a frase ele viu garota desequilibrar no corredor. Ele conseguiu segurá-la pelos ombros, e pegou as coisas das mãos dela – Tudo bem?
- Eu levantei rápido, fiquei tonta. Valeu pelo socorro – ela sorriu e deitou na cama. – Vai lá enfermeiro, ajeita meu travesseiro, me cobre direito e me dá o controle.
- Tem certeza que enfermeiro é a palavra certa? Isso ta mais pra escravo – Arthur ria ao fazer tudo o que Lua disse.
- Se prefere assim, ta bom servo – ela riu ligando a TV, enquanto o garoto deitava ao seu lado. – Hum, vejamos o que se passa no Caribe.
- Cara, é sério. Ta me dando agonia te olhar com esse cobertor – Arthur fez uma careta e Lua riu.
- Então não me olha, simples.
- É meio impossível – ele sussurrou fazendo Lua até esquecer da dor no corpo que estava sentindo.
- Garoto, eu vou te espancar se você ficar falando esse tipo de coisa, assim do nada – ela disse séria dando um tapa na barriga de Arthur.
- Ah então se eu avisar que vou falar daí pode? – ele riu, quando viu que Lua ia dar mais um tapa, ele segurou a mão da garota no ar, num movimento rápido tirou o cobertor e jogou no chão. – Tenta ficar sem, vai te fazer mal ficar com isso nesse forno que é esse país.
- Mas Aguiar, eu to com frio – ela fez manha e ele sorriu.
- Lua, já é esquisito você estar de calça de moletom na praia! Cobertor é demais, vamos ver televisão que você esquece do frio – Arthur olhou pra garota de baby look, calça de moletom e meias; enquanto ele estava de bermuda, e já queria tirar a camiseta de tão quente que era aquele lugar. Então pegou o controle da mão dela e começou a mudar de canal.
- Meu frio não é psicológico. Não! Tira daí, não quero ver Prison Break, chega a ser pecado alguém ser tão bonito que nem esse Wentworth Miller.
- Lá vamos nós de novo. Que tal... Greek?
- Não, eu não assisti alguns episódios e to meio perdida.
- Smallville?
- Não, o Clark me irrita – Lua fez careta e Arthur suspirou. E assim mais de 15 minutos se foram, com Arthur mudando de canal e Lua arranjando algum defeito.
- Linda, por favor... – ele fez bico – Vamos assistir pra valer alguma coisa? Sim?
- Ok, muda de canal, e o que estiver passando a gente assiste – Lua bufou e Arthur sorriu mudando de canal. – Ah não. Não, não e não.
- Por que não? Lua você já ta me irritando – Arthur sentou na cama passando a mão no cabelo. – Você nem sabe o que ta passando e já critica?
- Eu sei o que é – ela disse baixo. – É Skins.
- Que... Ah! – Arthur ficou sem graça e colocou num canal de filmes, onde passava Vanity Fair [n/a: eu adoro filmes assim. E no bônus tem cenas cortadas em que o Robert Pattinson aparece *dica*]. – Desculpa.
- Relaxa... É só esquisito – Lua deu um sorriso sem vida. – Eu tenho evitado ver coisas sobre o Nick.
- Você não consegue esquecer, né? – o garoto abaixou o volume da televisão quando percebeu que Lua não fugiu do assunto. – Mas você ta bem, certo?
- Eu to... Tipo, já faz algum tempo. E ah, ele não chegou a fazer nada... Pode parecer loucura da minha parte falar isso, mas eu fiquei chocada nos primeiros dias. Agora eu não sinto nada – ela também se sentou na cama e encolheu as pernas abraçando os joelhos.
- Como assim nada? Tudo bem, sua cabeça e corpo não sentem nada devido ao tempo, mas seu coração ainda deve estar aos pedaços – a luz da recém nascida lua de Waikiki entrava pela janela do quarto, e aos olhos de Arthur, mesmo Lua estando super gripada, ela não poderia estar mais encantadora.
- É como a música diz ‘You Can’t Break a Broken Heart’ [você não pode quebrar um coração quebrado], certo? – ela sorriu triste – Tudo com o Nick aconteceu muito rápido, eu nem tive tempo de sentir nada muito forte por ele...
- Quem quebrou seu coração? – Arthur perguntou de repente.
- Sobre isso, eu não quero falar – Lua cortou o assunto assim que sentiu as bochechas esquentarem. – Eu cansei de ficar aqui, vamos dar uma volta?
- Eu to com preguiça – Arthur fez uma careta e deitou de novo.
- Ah Aguiar! Vamos, eu prometo que não conto pra Sallie que você tava olhando as surfistas bonitonas – Lua riu cutucando a barriga do garoto.
- Não acho que ela se importaria – ele disse baixo se esquivando das mãos de Lua.
- Como não? Ela é sua namorada!
- Eu não teria tanta certeza disso – Arthur disse sério ao levantar da cama.
- Como assim? – Lua parecia chocada.
- Sobre isso, eu não quero falar – Arthur a imitou, recendo um tapa de Lua. – Vamos logo garota agressiva, antes que eu mude de idéia.
****
- Esse povo não dorme?
- Lua, são oito da noite.
- Ah é mesmo, o fuso horário me confunde – Lua riu ao chegarem a um quiosque na beira da praia. O lugar estava cheio grande parte das pessoas obviamente eram turistas, a música era animada, o clima estava ótimo [até para Lua, que estava de mini saia jeans e blusinha de alças. Arthur a impediu de levar um casaco], e tinha algo na atmosfera que proporcionava a sensação de estarem num filme. – Vamos pro bar, eu quero tomar algum drink com nome engraçado.
- Eu não vou carregar ninguém de volta, viu mocinha? – Arthur disse alto ao ser puxado por Lua pro meio das pessoas.
- Não vou beber nada alcoólico, bobinho. Eu to tomando remédio pra gripe, lembra? – Lua não pode deixar de reparar como as garotas olham pra Arthur ao passarem. – Garoto, que saco! Precisa chamar tanta atenção assim?
- Eu? To chamando atenção? Como? – ele ria da cara de brava da garota.
- Você chama sim! Seu branquelo! – Lua deu um tapa nele, que riu e a abraçou pelos ombros voltando a andar em direção ao bar.
Algum tempo depois, Arthur disse que precisava ir ao banheiro, deixando Lua sentada num dos bancos perto do bar, tomando um drink super colorido e se balançando no ritmo da música. Quando o garoto estava voltando, viu um cara musculoso, sem camisa e bronzeado, sentado no único banco vazio no bar: o mais próximo de Lua. Ele falava muito perto da garota, que se afastava a cada palavra proferida pelo brutamonte. Arthur apenas sorriu, acostumado com a situação; então andou rapidamente em direção a eles, como Lua estava sentada no banco, ficou da mesma altura de Arthur, não oferecendo nenhum obstáculo quando ele chegou colocando as mãos em sua cintura, e depositando um beijinho no ombro nu da garota.
- Oi amor, desculpa a demora – ele diz sorrindo na maior cara de pau, fazendo Lua prender o riso.
- Oi lindo, ah tudo bem, o... Como é seu nome mesmo? – ela faz questão de mostrar a falta de atenção ao grandalhão.
- Erm, é Noah – ele estende a mão e cumprimenta Arthur. – Eu estava contando pra sua garota, os significados dos nomes de cada praia aqui de Honolulu.
- Ah legal, nós vamos visitar todas, pode deixar. Apesar de que eu acho que a minha garota nem vai se preocupar com o nome do lugar, enquanto estivermos fazendo coisas muito mais interessantes – ele sorriu malicioso para Lua, que riu alto. O surfista brutamonte, finalmente se tocou, e com um aceno de cabeça saiu de perto dos dois.
- Como você é mau, Aguiar! Toda vez você faz isso! – Lua ria da situação e da cara de convencido que Arthur fazia. – Ele só tava me falando uns nomes esquisitos, não precisava fazer isso com o coitado!
- Agora ele é coitado né? – ele sorriu de lado ao pegar uma cerveja no balcão. – Queria ver se eu não tivesse feito isso, ele teria te agarrado, que nem aquele cara na after party mês passado.
- Ah nem me lembre. Sem falar, que ele quase vomitou em mim – Lua fala de um jeito engraçado, e vira pra ver as pessoas dançando, ficando assim, sentada de costas pro bar.
- Você não acha que a sua saia é muito curta, pra você ficar sentada nesse banco? – Arthur diz sem conseguir disfarçar seu olhar de cobiça, pras pernas da garota.
- Aguiar! Você tem namorada, seu pervertido – ela tenta falar sério, mas acaba rindo de lado. Arthur sorri se desencostando do balcão e fica na frente de Lua, que o olha confusa; ele simplesmente vira de costa, e se apóia no banco dela, isso significa: fica entre as pernas da garota. – Garoto, que abuso é esse?
- Não é abuso lindinha, é apenas um amigo preocupado com a integridade da amiga – Arthur vira um pouco o rosto para olhá-la, ficando com o rosto a centímetros de distância do da garota. – Além do mais, o pé grande ali [leia: surfista grandalhão] acha que você é minha garota.
- Aham, sei – Lua diz simplesmente ao apoiar o queixo no ombro de Arthur, que agora olhava pra ‘pista de dança’.
Algum tempo depois, o garoto colocou uma mão no joelho de Lua, a outra mão segurava a cerveja; os dois se movimentavam ao som de alguma música parecida com Rihanna. Arthur mexia a mão num singelo carinho pela perna de Lua; essa por sua vez passou os dois braços pelo corpo de Arthur, mantendo a cabeça apoiada no ombro dele.
Naquele momento, quem olhasse os dois, certamente diria que era o casal mais apaixonado do lugar. O jeito que se tocavam sem vulgaridade, o visível carinho em cada toque, a cara de bobo que Arthur fazia a cada trecho da música que Lua cantarolava, ou até mesmo o jeito que Lua olhava torto pras garotas que olhavam descaradamente pro garoto.
Mas uma coisa que não era visível eram as constantes borboletas no estômago de Lua, e a luta interna que se instalara em si: o cheiro de Arthur, o jeito que ele se movimentava no ritmo da música, a risada quando via alguma cena bizarra, a maneira de levar a garrafa de cerveja até a boca, o sorriso doce quando olhava de canto de olho pra ela... Tudo isso só fazia com que Lua quisesse agarrá-lo ali mesmo. Mas Sallie sempre lhe vinha à mente. ‘Lua, você já superou essa fase. Você não gosta mais dele... Ah mas cara, precisa ser tão lindo assim?!’
- Eu to cansado – Arthur a despertou dos pensamentos, virando pra a olhá-la com um sorriso meigo nos lábios. – Vamos?
- Ah vamos sim – Lua sorriu, e se afastou um pouco do corpo do garoto, quando ia descer do banco, Arthur a surpreende segurando suas pernas em torno de si, e sai andando com a garota em suas costas. – Aguiar! ME COLOCA NO CHÃO! VOCÊ SABE QUE EU NÃO GOSTO DISSO!
- Pára de gritar no meu ouvido menina! – Arthur ri, e sente Lua se agarrando a ele pra não cair.
- Garoto, eu to de saia! Minha calcinha deve estar toda a mostra – ela briga quando chegam à rua mal iluminada, tentando abaixar a saia e se segurar em mesmo tempo.
- Relaxa! Estamos na praia, ninguém vai ligar de ver sua calcinha – Arthur ainda ri do desespero dela; não consegue evitar, porém, o sorriso malicioso ao senti-la colada em si, e involuntariamente aperta as mãos em torno das pernas da garota.
- Mas a questão é que eu não gosto de ficar mostrando minha bunda pra quem quiser ver – Lua nem sabia o que estava falando, aquela situação a estava deixando desconfortavelmente confortável (?).
O quiosque em que estavam era relativamente perto da casa, então em alguns minutos de gritos de Lua, e risos de Arthur, eles chegaram à varanda da casa.
- Acho que meus ouvidos vão zunir até amanhã – ele diz de um jeito engraçado, e senta Lua no pequeno sofá que ficava do lado de fora da casa, sentando ao seu lado. – Como você grita, meu Deus!
- Você que pediu por isso, seu bobo – a garota mostra língua, e sorri.
- Sabe... Enquanto estávamos lá no bar, eu fiquei pesando... Quem olhasse pra nós dois, nunca falaria que nós temos toda essa história de ódio e pegação, e agora nos damos bem assim – ele pegou uma almofada e deitou no colo de Lua, demonstrando o que queria dizer.
- Pois é... Nós nunca tivemos oportunidade de nos conhecermos pra valer. Logo de cara a gente já começou a brigar, depois a se agarrar escondido, e com isso a parte de um conhecer o outro, foi ficando pra depois e depois – a garota falava calmamente enquanto passava os dedos pelos cabelos de Arthur. – Apesar de estarmos nos saindo bem durante esse tempo, não nego que ainda acho estranho os momentos como esse: você com a cabeça no meu colo...
- ...e você me fazendo carinho – Arthur terminou a frase rindo, e Lua riu balançando a cabeça – Às vezes eu até fico preparado pra receber um tapa.
- Não seja por isso – ela bateu na testa do garoto, o fazendo rir mais. – Eu to gostando dessa nova fase.
- Mas ainda tem tanta coisa pra gente aprender sobre o outro. Tipo, nós sabemos o básico. Mas às vezes eu tenho vontade de te perguntar algumas coisas, mas acabo desistindo – ele sorriu sem jeito coçando a nuca. - Vamos fazer um jogo?
- Que tipo de jogo?
- Eu posso te fazer quantas perguntas eu quiser, e você é obrigada a responder, depois você me pergunta.
- Quantas você quiser? Não, muito vago. Que tal... cinco?
- Tudo bem, então temos que escolher com cuidado.
- E somos obrigados a responder a verdade sobre qualquer que seja a pergunta, certo?
- Isso. Quer começar?
- Quero, já sei o que perguntar.
- Vai lá, pergunte.
- Eu percebi que você tem evitado falar sobre a Sallie, e a minha primeira pergunta é: por quê?
- Sabia que você ia perguntar isso! Você não deixa nada passar né? – ele sorriu e sentou direito no sofá. – Bom, ontem quando cheguei ao meu apartamento, eu liguei pra ela pra combinar sobre a viagem, e ela tava estranha... No fim das contas, ela, bem... terminou comigo.
- AHN? – Lua não conseguiu segurar a cara e o grito de espanto. – Como assim? Você nem parece abalado!
- Essa é sua segunda pergunta? – Arthur sorriu arqueando as sobrancelhas.
- Não, não é. Ok, você não precisa explicar – Lua se apressou em dizer.
- Até porque não tem o que explicar, ela foi bem vaga quando terminou – ele falou simplesmente. – Ta, agora é minha vez de perguntar.
- Vá em frente... Ah que medo – Lua brincou, cruzando as pernas encima do sofá, com uma almofada no colo.
- Qual é todo esse lance daquela pulseira que quase me assassinou ano passado, e tipo, eu sei que tem a ver com a sua opção de cor pra porta do seu quarto e o motivo de você ficar tão triste assim, do nada – Arthur falou tudo de uma vez, e Lua só pôde arregalar os olhos.
- Como você sabe disso? – ela disse ainda chocada.
- Por mais que eu tente disfarçar, eu presto muita atenção em tudo relacionado é você, Lua Blanco – ele fala de um jeito envergonhado, fazendo Lua ter vontade de mordê-lo!
- Erm... Essa resposta é muito longa, podemos deixar pro final?
- Ta, eu pergunto outra coisa agora, mas no fim você responde sem rodeios, combinado? – Arthur estende a mão para selar a promessa, e Lua ri, mas aperta a mão dele. – Bom, vejamos... Já sei! São duas perguntas, mas valem por uma só, pode ser?
- Hoje eu to boazinha, então pode.
- Você tem mais ciúme da Sallie ou da Liza? E por quê?
- Ah... Hei! Isso não vale! – Lua sentiu seu rosto esquentar.
- Você concordou – Arthur riu vitorioso. – Responde.
- Você é um idiota, sabia? – ela diz séria e bate no garoto sorridente ao seu lado. – Ok... Preciso ser sincera né? Da Sallie. Por motivos óbvios.
- O que seriam motivos óbvios? Isso não é uma resposta satisfatória – ele mantinha o sorriso de pretensioso no rosto.
- Ela é tão simpática, e bonita, e... Legal! – Lua falava como se sentisse dor física – Ela é perfeita.
- Que nem o Hoult – Arthur disse baixo, mas a garota escutou.
- O que me leva à minha segunda pergunta: por que você provocou o Nick no rinque de patinação, lembra? – agora era a vez de Lua sorrir vitoriosa.
- Lembro... Aquela música, ah como eu adoro lembrar daquela música e da cara de bosta do Hoult quando eu disse que ele não era nada pra você – Arthur sorri maldoso com as lembranças. – E respondendo à pergunta: ciúme, e quem sabe também, inveja.
- Inveja? – ao ver a cara do garoto: – Não, não! Não é minha próxima pergunta! É sua vez. Mas antes, eu posso fazer uma pergunta fora do jogo? – Lua faz bico, e ele concorda sorrindo. – Você já ficou com a Liza, certo? Pra ter perguntado do ciume.
- Erm, já. Só um beijo, mas ela tava bêbada e me agarrou; a Sallie até riu quando eu contei – ao ver a cara de espanto de Lua, ele logo fez a próxima pergunta. - Qual de nós do McFly, é seu favorito? – ao vê-la abrir a boca ele completou – E não adianta dizer que não tem favorito, porque eu sei que você é ou era fã da banda, e toda garota tem um preferido.
- Primeiro: agora eu sou um tipo diferente de fã, mas ainda sou – Lua respirou fundo. – Eu vou me arrepender disso, eu sei que vou... Você! Você era meu favorito. Feliz?
- Nem imagina quanto – o garoto sorria divertido. – Vai, me pergunta mais uma.
- Cadê o João Alfredo? – quando Arthur fez cara de ‘você é doida?’, ela completou – Meu jacaré de pelúcia. Lembra? Por que você o deu pra camareira?
- Ah não. Não gosto mais dessa brincadeira – ele fez bico e suspirou. – Ele ta comigo.
- O QUÊ? Pode explicar! – Lua deu um belo tapa na perna do garoto, o fazendo sorrir tímido.
- Se quiser mesmo saber, tem que contar como mais uma pergunta – ao vê-la dar de ombros ele prosseguiu. – Quando eu viajo, eu levo coisas que me fazem sentir em casa... E eu não tinha nada seu. E o seu jacaré tem o seu perfume. Eis a sua resposta.
- Own que fofo! – Lua brincou, pra disfarçar o seu próprio embaraço. – Se quisesse alguma coisa, era só pedir. Eu te dava uma meia furada [n/a: essa história da meia furada aconteceu comigo. Minha amiga se mudando pra Itália e ofereci uma meia furada como lembrança xD].
- Ah que amor você é – Arthur apertou as bochechas da menina e sentiu que já estava ficando com febre outra vez. – Não ta na hora de tomar remédio? Quer entrar?
- Relaxa aí! – Lua riu e segurou a mão de Arthur em seu rosto – Nem to tão quente assim, quase a mesma temperatura que você. Sentiu?
- Senti, mas não deixa passar o horário do remédio ta? – ela assentiu com a cabeça e ele continuou. – Minha quarta pergunta... Hum... Você voltaria com o Hoult? Agora que vocês tem se falado pelo telefone... Mudou alguma coisa?
- Ah, eu sinceramente não sei. A raiva e o ciúme misturados com álcool podem levar uma pessoa ao extremo. Ele estava fora de si, eu não o culpo totalmente. Tudo bem, chegar aquele ponto foi culpa dele, mas ele só deixou a paixão falar mais alto quando nos viu juntos.
- Tudo aquilo foi por ciúme de mim? – Arthur tinha os olhos arregalados.
- Foi. Ele sempre teve muito ciúme de você, desde quando nos conhecemos e as meninas brincavam que os opostos se atraem; ele sempre ficava sério quando elas falavam coisas do tipo – Lua disse olhando pra escuridão à sua frente, ouvindo as ondas quebrarem bem perto deles. – Agora a minha última pergunta.
- Escolhe bem, hein?
- Já sei. Por que você implicou comigo logo que cheguei? Sem nem me conhecer! – a garota deixou transparecer na voz, o ressentimento que tinha nas lembranças.
- Eu li uma coisa no seu computador. Você dizendo que me odiava – Arthur também não gostava de pensar sobre o assunto. – E eu fiquei tão irritado, por ter me sentido atraído por você, e ler que você me odiava sem ao menos me conhecer!
- Eu... Eu não... – Lua ficara assustada com a reação do garoto.
- Você não tem que se explicar – ele tentou sorrir pra amenizar as palavras de segundos atrás.
- Mas eu quero! – ela se ajeitou no sofá, ficando praticamente de frente pra Arthur – Eu lembro exatamente do que você ta falando! E naquele dia, eu tava falando com uma amiga do Brasil, e ela me zoou que eu não parava de falar de você, daí ela me ‘desafiou’ a dizer que te odiava... Alegando que pelo jeito que eu já tava no primeiro dia em que te vi, eu nunca conseguiria não gostar de você de verdade – Lua sentiu as tonturas por causa da gripe, voltarem aos poucos enquanto falava – Eu nunca te odiei de verdade.
- Eu sei disso, agora eu sei – foi só o que Arthur disse, mas ela pôde ver nos olhos dele que agora estava tudo bem, de verdade... Finalmente. – Agora me responde a primeira pergunta que fiz.
- Ah é uma longa história. Tem certeza?
- Tenho – Arthur viu Lua suspirar, prender o cabelo e dar uma leve mordida no lábio.
- Deve fazer uns dois meses, quando nós fomos assistir filme no seu apartamento, e a Cath ligou a televisão e tava One Tree Hill, lembra disso? – Arthur concordou com a cabeça e ela prosseguiu. – E eu saí rapidinho da sala, mentindo que ia fazer a pipoca; mas você me viu chorando na cozinha, que eu sei – Lua sorriu grata a ele.
- Se você não queria contar, eu não ia te forçar; mas eu vi mesmo e por isso fiquei te enchendo o saco durante o resto do dia – Arthur olhava intensamente pra garota, e os dois lembraram das cosquinhas que ele fizera nela, querendo ver um mísero sorriso no rosto dela. – Continua.
- Então... One Tree Hill. Todas as respostas estão em One Tree Hill. Você não assiste, então vou ter que contar todos os detalhes – a garota suspirou mais uma vez, e Arthur pegou sua mão e entrelaçou seus dedos nos dela. – Desde pequena, eu tinha uma amiga no Brasil que era tipo, minha alma gêmea; nós vivíamos juntas e nós adorávamos seriados, mas o preferido era One Tree Hill; meninas costumam ter essa mania de se imaginar sendo o personagem, namorando o galã, enfim, nós dividíamos tudo, mas como boas crianças que éramos, costumávamos brigar pelas coisas mais bobas, e nesse caso era a porta da Brooke, a famosa porta vermelha – Arthur levantou as sobrancelhas em sinal de compreensão. – E o ‘combinado’ era que a primeira que casasse com um ator lindo, e fosse morar na Inglaterra, poderia pintar a porta da casa de vermelho. Ah, e nosso maior sonho era morar na Inglaterra; tanto que nós tínhamos tudo planejado pra fazer o colegial juntas em Londres – os olhos de Lua foram acumulando lágrimas, fazendo Arthur apertar sua mão em sinal de carinho e segurança. – Ela sempre dizia que tinha mais direitos em relação à porta vermelha, já que o nome da atriz que interpreta a Brooke, é Sophia Bush, e o nome dela era – nesse momento Lua não conseguiu conter o soluço e as lágrimas que o seguiram – Sophie, o nome dela era Sophie.
- Era? – Arthur perguntou baixinho, vendo que Lua estava se entregando ao choro.
- Ela... Ela... Um dia, nós fomos numa festinha da escola, e Arthur, nós éramos duas crianças! Crianças! – as lágrimas corriam livremente pelo rosto de Lua, que tinha raiva e dor nos olhos. – Ela quis pegar carona com garotos mais velhos, ela tinha bebido, o primeiro porre da vida dela; ela não queria ir, mas pra não deixá-la sozinha acabei entrando no maldito carro. O garoto que dirigia o carro, também tinha bebido, e eu... Eu não lembro direito o que aconteceu, minha mãe me contou depois, que ele passou num farol vermelho e outro carro atingiu o lado o direito do nosso caro; o lado que a Sophie estava... – as lembranças vinham à mente de Lua como facas que dilaceravam seu coração; Arthur a abraçou até que ela se acalmasse um pouco.
- Chega linda, não precisa continuar – ele disse contra os cabelos dela, ouvindo seus soluços e as lágrimas molharem seu camiseta. Até ela se afastar, passando a mão pelo rosto.
- Eu nunca contei isso pra ninguém, eu quero... Eu quero contar pra você – ela olhou nos olhos de Arthur ao dizer isso, e o garoto sentiu um calor pro dentro; e beijou docemente a bochecha de Lua. - Eu só cortei a testa, e as outras pessoas se machucarem pouco também... Mas o garoto que estava no banco do passageiro morreu na hora. E a Sophie, ela foi pro hospital porque bateu a cabeça muito forte e tinha diversos machucados internos. Dois dias depois, eles me deixaram vê-la, e ah Arthur, foi a coisa mais triste da minha vida. Ela tava meio dopada, mas me reconheceu; ela chorou me pedindo desculpa por ter pegado carona com os meninos. Ela me fez prometer que iria pra Inglaterra no ano seguinte como havíamos combinado; que pintaria a minha porta de vermelho; que iria ao show da banda preferida dela – Lua sorriu melancolicamente indicando Arthur com a cabeça – que nunca iria chorar por quem não me merecia; que ia lembrar dela todas as vezes que olhasse pra nossa pulseira da amizade... – Arthur acenou a cabeça entendendo a história. – Ela tava morrendo Arthur, morrendo! De hemorragia cerebral. Ela quase não conseguia falar direito; os pais dela estavam no quarto, e a última coisa que conseguiu dizer foi que nos amava e pra que não sofrêssemos, já que ela estaria bem – ao ver Lua recomeçar a chorar compulsivamente, Arthur a puxou para seu colo, fazendo com que a menina ficasse com o rosto em seu pescoço.
- Pode chorar Lu, você guardou isso por muito tempo, chora tudo que tiver pra chorar – ele acariciava a cabeça dela, e abraçava forte transmitindo toda a segurança, conforto e carinho que ela precisava naquele momento. Minutos ou horas poderiam ter passado, mas nenhum dos dois se mexeu. Até que a respiração de Lua voltou ao normal, e com os olhos vermelhos olhou Arthur durante alguns segundos, quando ele se inclinou passando seu nariz pelo da menina, num carinho infantil e doce.
- Sabe, ela morreu há quase três anos. Mas pareceu que foi ontem, falam que o tempo cura tudo... Então por que toda a raiva que eu tenho de mim mesma ainda tá aqui dentro? E essa dor? Nunca vai embora! Durante um ano, eu só saía de casa pra ir à escola e visitar os pais da Sophie; e a mãe dela me dizendo que eu era a melhor amiga que qualquer garota poderia ter. Mas se eu fosse tão boa assim, eu não teria deixado que ela entrasse naquele carro... Ela estaria viva!
- Lua, não foi sua culpa...
- Todo mundo me dizia isso! Tudo o que eu quis durante um ano foi morrer, de um jeito muito ruim pra pagar minha dívida com o mundo. Mas então, um dia a mãe da Sophie foi até a minha casa me entregar um papel que ela tinha achado nas coisas dela; eu levei dias até ter coragem de abrir...
- O que tinha escrito lá? – Arthur falou baixinho segurando levemente o rosto de Lua com as mãos.
- Coisas bobas que a Sophie e eu escrevíamos... E tinha uma parte do papel que era só com a letra dela, falando que se a vida dela viesse a ser uma merda e tudo desse errado, mas ela soubesse que eu tinha conseguido tudo com o que sonhamos, ela estaria feliz onde quer que estivesse, porque eu estaria feliz – Lua fechou os olhos respirando fundo, e Arthur passou o nariz por sua bochecha sussurrando ‘e aí?’ – E aí, naquele mesmo dia eu resolvi que iria pra Londres; no dia do meu embarque, os pais da Sophie foram até o aeroporto e me pediram pra fazer uma espécie de diário da minha vida na Inglaterra, já que era isso que a filha deles sempre disse que faria. E a partir daí, você conhece a história – a garota disse baixinho ao abraçar Arthur, sentindo seu coração bater forte e aliviado contra o peito. – Brigada.
- Pelo quê? – a voz de Arthur saiu abafada, devido ao seu rosto estar contra o pescoço de Lua.
- Por me fazer sentir segura em contar pra alguém – ela disse baixinho, sentindo o perfume do garoto.
- Eu que agradeço por você confiar em mim linda; saiba que pode confiar e contar comigo sempre – ele beija o pescoço de Lua, e sente que a garota se arrepiou com tal ato.
- Digo o mesmo – ela se afasta passando as mãos no rosto, e respirando fundo. – Acho que você ainda pode me fazer mais uma pergunta né?
- Eu tinha até esqueci do jogo – Arthur diz sorrindo fraco, ao perceber que a garota ainda estava em seu colo. – Deixe-me ver... Minha última pergunta...
- Caraca, eu to no seu colo – Lua disse de repente, a voz ainda rouca pelo choro, tomando impulso pra sentar direito no sofá; porém Arthur a impede, segurando sua cintura com uma mão, e o rosto com a outra. – Arthur o que...
- Quem quebrou seu coração? – ele diz rápido e Lua arregala os olhos [inchados e ainda vermelhos] ao ouvir a pergunta.
- Quê? Ah... – seu coração ainda batia rápido devido as emoções anteriores, e o rosto de Arthur tão perto do seu não estava ajudando.
- Responde – ele sussurrou fazendo a garota fechar os olhos.
- Você. Você quebrou meu coração – Lua fala da mesma maneira, abrindo os olhos para encarar Arthur.
- Eu nunca quis fazer isso, nunca. Eu meio que já imaginava essa resposta... – o garoto disse baixinho, passando o rosto pelo pescoço de Lua – me perdoa? Se existe uma pessoa no mundo que não merece ter o coração partido, esse alguém é você. Diz que me perdoa...
- Não tem o que perdoar. Depois dessa brincadeira, eu até posso sentir meu coração bater normalmente depois de três anos, graças a você – Arthur levantou a cabeça e a olhou nos olhos. – Mesmo que a brincadeira tenha acabado eu posso perguntar mais uma coisa?
- Pode.
- Alguém já quebrou o seu coração?
- Não – Arthur trouxe a garota pra mais perto, posicionando uma mão entre seus cabelos e a outra firmemente na cintura. – Você cuida muito bem dele – sussurrou contra os lábios de Lua, e sorriu ao vê-la fechar os olhos, e finalmente selou seus lábios aos dela. A garota suspirou ao sentir Arthur tão perto, tão doce; manteve as mãos espalmadas no peito do garoto, inclinou a cabeça quando sentiu a língua dele desenhar o contorno de seus lábios, abrindo a boca lentamente, gravando cada detalhe do momento; Arthur tinha total controle, seus dedos entrelaçados aos cabelos da garota, a trazendo sempre pra mais perto, sentindo cada centímetro de seu corpo contra o dela.
Nem todo o calor do Hawaii, poderia superar o calor que os dois sentiam no momento. Após vários minutos se beijando, Arthur finda o contato com vários selinhos, e encosta sua testa na de Lua.
- Oi – ela diz sorrindo, quando Arthur segura seu rosto com as duas mãos.
- Olá – ele sorri convencido – Finalmente.
- Finalmente o quê, seu metido? – Lua faz carinho no garoto com o nariz, tendo um selinho roubado por ele.
- Finalmente eu posso falar que você, dona Lua Blanco, é a minha garota da porta vermelha.
O que estão achando?
Awwwwww que imagine mais perfeito!!!!
ResponderExcluirAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH,cara morri de emoção,lindo e perfeito demais, LuAr de volta omg. nightluar <3
ResponderExcluirNossa,chorei agora que lindo omggg babei...Vc vai postar mais?
ResponderExcluirContinua logo, pelo amor de Deus. Muito bom!!
ResponderExcluirAi que lindo!!!!! Continua logo, muito bom
ResponderExcluirNossa cara, primeira vez que eu quase morro de chorar lendo um imagine.. tah muito perfeito, que emoção...
ResponderExcluiragora só falta o Thur pedir a Lua em namoro.. <3
Vc parou de postar?????????
ResponderExcluirContinua postando!!! É muito perfeito pra parar!!!!!!!!!
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